Os haitianos estão vivendo uma situação de emergência devido a uma crescente crise de violência que já forçou 1,3 milhão de pessoas a deixar suas casas. Na semana passada, mais de 15 mil indivíduos fugiram rapidamente de regiões como Dessalines e Verretes, no departamento de Artibonite, para escapar de ataques perpetrados por gangues armadas, o que tem exacerbado a insegurança no país.
Em meio a essa crise, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou que, desde o início de uma avaliação nutricional, mais de 217 mil crianças foram examinadas, e quase 10% delas precisaram ser hospitalizadas devido a casos de desnutrição aguda. Atualmente, a crise alimentar atinge 5,7 milhões de haitianos, representando cerca de metade da população do país. De acordo com a Classificação Integrada da Segurança Alimentar (IPC), os níveis de insegurança alimentar severa aumentaram entre março e junho deste ano.
A crise também se estendeu ao sistema educacional, que sofreu um fechamento alarmante de escolas. Desde janeiro, mais de 1,6 mil instituições suspenderam as aulas, e o aumento no número de escolas fechadas ultrapassa dois terços. Muitas dessas unidades, como a escola Anténor Firmin em Hinche, agora acolhem pessoas deslocadas pela violência em vez de alunos.
Além das dificuldades de acesso à educação, o Unicef está dedicando esforços a promover apoio psicossocial, fornecendo oportunidades de ensino para mais de 16 mil alunos e assistência a mais de 100 mil crianças em situação vulnerável. No entanto, a intensificação da violência não apenas complica o trabalho humanitário, mas também coloca em risco a segurança dos próprios trabalhadores. Com o fechamento de unidades de saúde e a escassez de alimentos e suprimentos, o apoio necessário não consegue atingir os deslocados.
Embora a crise humanitária seja intensa, o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, enfatizou que o Haiti é um dos países com os apelos humanitários mais subfinanciados globalmente. Até agora, apenas 9% dos 908 milhões de dólares solicitados para o plano de resposta elaborado no início do ano foram atendidos, demonstrando a necessidade urgente de mais apoio internacional.
Origem: Nações Unidas