A recente escalada na guerra tecnológica entre os Estados Unidos e a China tomou um novo rumo. De acordo com o Financial Times, a Administração do Ciberespaço da China (CAC) impôs uma ordem a grandes empresas como ByteDance, Alibaba e Tencent para que cessem seus pedidos de GPUs da Nvidia e interrompam os testes de modelos como a RTX Pro 6000D, projetados exclusivamente para o mercado chinês.
Essa decisão vem apenas algumas semanas após a proibição de compras de chips H20, um modelo “adaptado” da Nvidia aprovado para a China após as sanções americanas. As autoridades de Pequim afirmam que processadores de inteligência artificial desenvolvidos localmente, por empresas como Huawei e Cambricon, já igualam o desempenho das versões limitadas da Nvidia.
Um executivo citado pelo Financial Times expressou a mudança de tom: “A sinalização agora é clara. Antes, havia esperanças de que a Nvidia pudesse voltar a fornecer se as relações com os Estados Unidos melhorassem. Agora, o foco é construir o sistema doméstico”. Essa estratégia se enquadra no plano mais amplo da China de reduzir a dependência de tecnologias americanas e fortalecer sua própria indústria de semicondutores.
A Nvidia, que havia conseguido manter parte de seu negócio na China com chips adaptados às restrições de exportação dos EUA, enfrenta mais um golpe com essas decisões de Pequim. Em declarações recentes, o CEO Jensen Huang lamentou a situação, afirmando: “Só podemos atender a um mercado se o país desejar. Estou desapontado, mas entendo que há uma agenda maior entre China e Estados Unidos”.
Enquanto isso, o bloqueio aos chips da Nvidia não implica em uma queda na demanda por processadores de IA; ao contrário, as empresas chinesas devem cada vez mais recorrer a fabricantes nacionais, o que já está gerando um aumento na produção de semicondutores locais. Apesar de a Nvidia ainda manter vantagem com seu ecossistema de software, empresas como Tencent estão investindo em infraestruturas próprias para diminuir essa dependência.
Esse movimento está alinhado com a estratégia de Pequim para alcançar soberania tecnológica em setores críticos, como inteligência artificial e telecomunicações. Com a pressão dos EUA restringindo o acesso a chips de ponta, o governo acelera seu plano de autoproteção, enviando um recado claro às suas grandes empresas tecnológicas: “tudo deve ser feito com chips locais”.
As implicações dessa decisão são vastas. Os chips H20 e a nova RTX Pro 6000D foram oficialmente banidos na China, deixando a Nvidia em uma posição vulnerável em um dos maiores mercados de IA do mundo, colocando em risco bilhões em receitas futuras. As empresas chinesas agora têm a tarefa de navegar por este novo panorama, utilizando processadores desenvolvidos internamente e buscando formas de construir um ecossistema que minimize a dependência de tecnologias estrangeiras.