O Ministério do Comércio da China incluiu a empresa canadense TechInsights em sua Lista de Entidades Não Confiáveis. Esta decisão impede que empresas e cidadãos chineses colaborem ou compartilhem informações com a companhia. A medida ocorre meses após a publicação de relatórios pela TechInsights que evidenciaram que a Huawei ainda utilizava tecnologia da TSMC e outros fabricantes estrangeiros na produção de chips avançados, apesar das sanções impostas pelos Estados Unidos.
TechInsights, conhecida por suas análises de engenharia reversa no setor de semiconductores, desmontou e examinou chips da Huawei, revelando que a empresa depende de processos e designs fabricados com tecnologia de fornecedores como TSMC, Samsung e SK Hynix. As descobertas não apenas desafiaram a narrativa oficial de autossuficiência tecnológica de Pequim, mas também levantaram suspeitas sobre uma possível multa de mil milhões de dólares à TSMC, por fabricar chips para a Huawei além dos limites estabelecidos digitalmente.
A inclusão da TechInsights na lista representa uma retaliação simbólica, focando em punir a empresa por expor o uso de tecnologia estrangeira em um dos setores mais críticos para a China.
Estar na “Lista de Entidades Não Confiáveis” implica em uma proibição total de cooperação econômica e tecnológica na China. Segundo a resolução do Ministério de Comércio, a TechInsights e suas subsidiárias estão proibidas de participar de transações com empresas chinesas, dificultando seu acesso ao mercado.
Curiosamente, a TechInsights não é uma empresa militar, diferentemente de outras listadas, como a Elbit Systems of America e a BAE Systems. A justificativa do governo chinês está ligada ao papel da TechInsights em ajudar governos estrangeiros a investigar empresas chinesas.
Huawei, vista como um símbolo de independência tecnológica na China, tornou-se o centro de controvérsias desde que foi incluída na lista negra dos EUA em 2019. Embora o governo chinês destaque avanços na fabricação local de chips, as análises da TechInsights indicaram que ainda dependem fortemente de tecnologia estrangeira, desafiante à narrativa promovida pelo Partido Comunista.
Até o momento, a TechInsights não fez declarações públicas sobre sua inclusão na lista, mas especialistas acreditam que o impacto imediato será reduzido, já que a empresa pode continuar a adquirir produtos chineses em mercados secundários. No entanto, o acesso a fontes locais deve deteriorar-se, complicando análises futuras.
A medida também pode esfriar as relações comerciais e científicas entre o Canadá e a China em um momento de crescente desconfiança em questões de segurança tecnológica.
Além do caso específico da TechInsights, a decisão envia uma mensagem clara para empresas estrangeiras que pesquisam tecnologia chinesa: investigar além do permitido pode ter consequências. Analistas indicam que isso faz parte da estratégia da China para proteger seus avanços em semiconductores e computação avançada contra vigilância externa.


