Muitos usuários de instituições financeiras se deparam com uma situação desagradável: suas contas bancárias são bloqueadas sob a justificativa de falta de documentação. Essa prática é legal? Quanto tempo pode durar um bloqueio desse tipo? E o banco pode reter seu dinheiro indefinidamente? O Banco de Espanha recentemente divulgou uma guia que esclarece essas questões, proporcionando orientações claras para os clientes.
Um dos principais motivos para o bloqueio de uma conta bancária é a ausência de documentação ou informações atualizadas. A legislação contra a lavagem de dinheiro obriga os bancos a conhecer bem seus clientes. Dentre os documentos que podem ser exigidos, estão: um documento de identidade válido (como DNI, NIE ou passaporte), comprovantes de renda (como a declaração de impostos ou contracheque) e, caso o cliente seja um representante ou autorizado, a documentação que comprove essa relação com a conta.
Quanto à possibilidade de um banco bloquear uma conta sem aviso prévio, a resposta é simples: não deveria. Segundo o Banco de Espanha, qualquer ação restritiva deve ser aplicada de forma gradual e proporcional. Isso significa que o banco deve ter realizado solicitações prévias, concedendo um prazo razoável para que o cliente apresente a documentação solicitada. Em situações comuns, o bloqueio não pode ocorrer abruptamente ou sem notificação, exceto em casos extremamente justificados.
O Banco de Espanha também fornece exemplos práticos de situações que não justificam um bloqueio total da conta. Um DNI vencido, por exemplo, não deve levar ao bloqueio da conta, a menos que impeça a verificação da identidade do cliente. Da mesma forma, representantes de comunidades que não renovam cargos ainda são considerados como válidos, salvo se surgir um conflito. A falta de apresentação da declaração de impostos não deve resultar em bloqueios, desde que o cliente não tenha realizado operações que a justifiquem.
Quanto ao destino do dinheiro em uma conta bloqueada, o Banco de Espanha é categórico: os bancos não podem imobilizar os fundos indefinidamente. Após um período razoável, devem liberar os valores ao titular, disponibilizá-los para a autoridade competente ou esclarecer o motivo do bloqueio persistente. Além disso, se houver empréstimos ou pagamentos pendentes, o banco deve permitir que o cliente realize as operações necessárias para saldar essas dívidas, a menos que existam razões muito graves que impeçam isso.
A responsabilidade também recai sobre o cliente, que deve colaborar com as solicitações do banco. Negar-se a fornecer a documentação requerida pode levar a uma intensificação das restrições impostas pela instituição financeira.
Por fim, para aqueles que acreditam que o banco agiu de forma desproporcional, há opções de reclamação. Os clientes podem entrar em contato com o Serviço de Atendimento ao Cliente de sua instituição financeira ou recorrer ao Serviço de Reivindicações do Banco de Espanha.
Em resumo, enquanto os bancos têm o direito de restringir operações na falta de documentação, eles devem proceder de maneira gradual e justificada. Não têm a prerrogativa de bloquear o acesso aos fundos de um cliente indefinidamente e devem notificar o cliente, oferecendo um prazo para sanar a situação. Manter a documentação atualizada e atender os avisos do banco é fundamental para evitar transtornos, e o direito à reclamação é sempre assegurado.