A insegurança alimentar e a desnutrição infantil apresentaram um aumento alarmante pelo sexto ano consecutivo, conforme revelado no Relatório Global sobre Crises Alimentares, divulgado por várias agências da ONU nesta sexta-feira. No último ano, 295 milhões de pessoas em 53 países e territórios enfrentaram fome aguda, um acréscimo de quase 14 milhões em relação a 2023. Entre essas estatísticas, destaca-se a preocupante cifra de 38 milhões de crianças gravemente desnutridas, especialmente em regiões como a Faixa de Gaza, Mali, Sudão e Iémen.
O relatório salienta que os conflitos persistem como o principal motor da insegurança alimentar, afetando aproximadamente 140 milhões de pessoas. Os dados indicam que a fome chegou a níveis catastróficos em áreas como o Sudão e outros locais críticos. Além disso, a crise de deslocamento forçado tem contribuído significativamente para o aumento da fome, com quase 95 milhões de pessoas vivendo em países que enfrentam crises alimentares, como a República Democrática do Congo e a Síria.
Os choques econômicos, incluindo inflação e desvalorização da moeda, mostraram um agravamento, afetando 59,4 milhões de pessoas em 15 países, praticamente o dobro dos níveis anteriores à pandemia. Eventos climáticos extremos, como secas e inundações, também desempenham um papel crucial, levando 18 países a enfrentarem crises alimentares severas.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou sua preocupação com a drástica redução no financiamento humanitário, que tem prejudicado a resposta a essas crises. Ele disse que essa situação revela uma “falta de humanidade” e ressaltou que, se a tendência continuar, a fome persistirá em 2025. O relatório recomenda que a ajuda emergencial seja redefinida, com uma ênfase maior na autonomia das comunidades afetadas e investimentos em sistemas alimentares locais.
Origem: Nações Unidas