À medida que o conflito armado na Ucrânia se aproxima de seu quarto ano, a situação de segurança nuclear no país permanece “altamente precária”, de acordo com o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Rafael Mariano Grossi. Em sua declaração durante a abertura da reunião da diretoria da Aiea nesta segunda-feira, Grossi enfatizou a importância da presença contínua de equipes da agência em todas as instalações nucleares da Ucrânia.
Recentemente, a rotação de especialistas da Aiea na usina de Zaporizhzhya enfrentou dificuldades devido às condições adversas, mas a missão foi concluída sem incidentes sérios. No mês passado, um drone causou danos a um veículo oficial da Aiea, porém a equipe saiu ilesa. O diretor-geral destacou que a capacidade da rede elétrica de fornecer energia externa para as usinas nucleares foi ainda mais comprometida devido a danos causados por ataques militares nos últimos meses. A Aiea realiza análises constantes para assegurar a segurança nuclear no território ucraniano.
Em relação ao programa nuclear do Irã, Grossi expressou “séria preocupação” com o aumento do estoque de urânio enriquecido até 60%, que subiu para 275 kg, superando o limite anterior de 182 kg. Ele ressaltou que o Irã é o único país sem armas nucleares que enriquece urânio nesta faixa, destacando que se passaram quatro anos desde a suspensão do cumprimento de compromissos nucleares sob o Plano de Ação Global Conjunto.
No âmbito das inovações, Grossi apresentou o progresso em aplicações nucleares voltadas à segurança alimentar, tratamento de doenças e sustentabilidade ambiental. Ele mencionou o projeto Nutec Plastics, que envolve 104 Estados-membros no monitoramento de microplásticos, e a Ação Integrada de Doenças Zoonóticas, uma nova tecnologia de vigilância para patógenos de alto risco, utilizando inteligência artificial.
Em termos de capacidade global, atualmente, existem 417 reatores nucleares operando em 31 países, contribuindo com quase 10% da eletricidade mundial e um quarto do abastecimento de energia de baixo carbono. A Aiea projeta que a capacidade de produção de eletricidade nuclear poderá aumentar até 2,5 vezes até 2050, destacando que os reatores nucleares oferecem opções limpas e confiáveis em um mundo cada vez mais necessitado de soluções energéticas sustentáveis.
Origem: Nações Unidas