No mundo da tecnologia, decisões que parecem pequenas no momento podem transformar indústrias inteiras. Em 2011, durante a expansão de seu ecossistema de produtos, a Apple se viu diante de uma escolha crucial: Intel ou TSMC para a fabricação dos chips dos futuros iPhones, iPads e Macs. O que poucos sabem é que, por pouco, a balança não se inclinou a favor da Intel. Foi então que Morris Chang, fundador da TSMC, decidiu agir.
Com 80 anos na época, Chang embarcou em uma viagem de 10.000 quilômetros até Cupertino, Califórnia, para convencer Tim Cook de que escolher a Intel seria um erro. Durante a reunião, Chang argumentou que a Intel, ao fabricar seus próprios chips, não poderia priorizar as necessidades da Apple, uma vez que a empresa competia diretamente no mercado. Em contrapartida, a TSMC se dedicava a fabricar chips exclusivamente para terceiros, garantindo assim total controle da Apple sobre sua produção.
Após essa conversa, Apple decidiu apostar na TSMC, marcando o início de uma das alianças mais bem-sucedidas na história da tecnologia. A partir de 2014, a TSMC foi desafiada a produzir um novo chip, o A8, com um processo de fabricação inovador de 20 nanômetros. Essa colaboração se fortaleceu ainda mais e, em 2020, a Apple anunciou que deixaria de usar chips Intel em suas Macs, passando a utilizar sua própria linha de processadores, o Apple Silicon, fabricados pela TSMC.
Os resultados dessa decisão estratégica foram revolucionários. O desempenho e a eficiência energética dos Macs aumentaram significativamente com os novos chips M1, M2 e M3, enquanto a Intel viu sua posição no mercado enfraquecer. A escolha de trabalhar com a TSMC permitiu à Apple não apenas garantir uma produção prioritária, mas também um controle maior sobre a inovação em seus dispositivos.
Agora, a Apple representa entre 23% e 26% da receita anual da TSMC, solidificando sua relação como o cliente mais importante da foundry taiwanesa. O impacto dessa decisão em 2011 continua sendo sentido até hoje, destacando como uma escolha estratégica pode redefinir o futuro de toda uma indústria.